quarta-feira, 28 de março de 2018

O que é broto ladrão e como identificá-lo

O termo pode ser estranho aos ouvidos, mas a foto abaixo pode ser familiar para vocês:


Russélia em vaso.



Os galhos no centro mais verdes, grossos e robustos são brotos-ladrões. Esses galhos devem ser podados, pois roubam energia da planta. Dá pra diferenciar bem dos galhos comuns, que são mais secos, lenhosos e finos:



Na foto acima ainda dá pra ver mais alguns brotos-ladrões saindo pelos cantos. Essa planta é danada, vivo podando e eles vivem crescendo.

Esses brotos nascem do centro da planta ou rente ao caule, são eretos e além de roubar a energia dos outros galhos, nas frutíferas onde são bem comuns, eles impedem a entrada de sol no meio da planta, atrapalhando a produção.

Pesquisando sobre o assunto, achei uma matéria muito interessante sobre poda de cafeeiros, onde são utilizados brotos-ladrões para recompor a ramagem baixa dos arbustos com mais idade e estes passam a produzir normalmente. Mas tem toda uma técnica, para acessar clique aqui.

Outra planta por aqui que é bem comum dar esses brotos, é a Primavera. Abaixo um ramo normal:


Já na próxima foto percebe-se o broto-ladrão. É nítida a diferença na cor do galho e como ele é mais vigoroso que os demais.




Percebam como o galho sai direto do tronco central e cresce reto:



Importante podar bem rente ao tronco para que não cresça novamente.

Interessante que na minha pesquisa, achei muito sobre esse broto em artigos sobre cafeeiros. O nome botânico do broto é "ramo ortotrópico". Não sei se a mesma mecânica serviria pras demais plantas, mas achei isso aqui bem interessante em um texto sobre:

"Sobre o caule da planta podem crescer novos ramos ortotrópicos, os chamados ramos ladrões, oriundos, principalmente, da quebra da dominância apical (meristemática), decorrente de eliminação do ponteiro do cafeeiro, seja por poda ou por ataque de insetos, doenças, etc. Além disso, sempre que a haste fica mais exposta ao sol (por cinturamento da planta) ou, então, sofre efeito de machucaduras (chuva de granizo, cortes por ferramentas), ocorre maior formação de ‘ladrões’, exigindo desbrotas corretivas. A cultivar Conillon, quando submetida a podas contínuas dos ponteiros e a constantes desbrotas, dá origem a ramos ortotrópicos saídos de ramos laterais, o que é comum em cafeeiros arábica."

Ou seja, o corte do ponteiro do cafeeiro, seja por poda,  ataque de pragas ou ações mecânicas dão ensejo a que nasçam mais brotos-ladrões. Será que se aplicaria às plantas em geral? Vou dar uma estudada e depois faço um update aqui para vocês. Não deixa de ser curioso pois sabemos que a poda do ponteiro de qualquer planta é essencial para que cresçam ramos laterais e assim a planta fique mais cheia, não crescendo só "para cima". Para saber sobre podas, tenho um post bem completo aqui no blog, acesse clicando aqui.

Esse ramos ortotrópicos, ou ladrões, também são utilizados para fazer mudas. Nunca fiz pois descobri agora, fazendo a pesquisa, rs. Mas vou testar e trazer o resultado em um post pra vocês!

Daqui pra baixo vou entrar em uma parte mais técnica mas com comunicação bem simples para todos entenderem, até eu, rs. Achei bem interessante e é sempre bom saber mais. Portanto a leitura não é obrigatória, rs.

O termo ortotrópico significa: "o crescimento vertical positivo na direção da fonte de estímulo". Como dissemos, ele cresce reto em relação ao caule. Os ramos "normais" são chamados plagiotrópicos, isto é, de crescimento formando ângulo em direção à fonte de estímulo. Interessante essa informação pois achei em um texto que as mudas feitas a partir dos brotos-ladrões são mais produtivas enquanto as feitas de ramos comuns: "os genótipos resultantes da multiplicação vegetativa por estaquia serão geralmente fracos, pouco produtivos e com outras características indesejáveis em relação à planta matriz. " Essas informações retirei daqui.
A importância de se fazer mudas a partir desses ramos é que além da vigorosidade, é imprescindível às plantas alógamas. E o que vem a ser isso? Vamos ver um pouco de botânica aqui:

"Plantas alógamas são plantas que fazem, preferencialmente, polinização cruzada. Neste caso, a fertilização acontece quando o pólen de uma planta fertiliza o estigma da flor de outra planta. (...) As plantas alógamas não propagam seus genótipos, para a próxima geração como ocorre em espécies autógamas, mas sim, seus alelos. Portanto, a cada geração surgirão novos indivíduos que apresentarão constituição alélica diferente dos seus pais."

Fonte da foto

Fonte da foto

Simplificando: as plantas chamadas alógamas só produzem frutos quando o cruzamento de pólen ocorre através de outro indivíduo. Em casa quando fazemos polinização manual, utilizamos o pólen e o estigma da mesma flor ou de outra flor mas do mesmo indivíduo, certo? Nesse tipo de planta além de precisar de uma polinização cruzada, ela não propaga suas características principais para seus "filhos" e sim a característica dos seus alelos, que são as características secundárias dela mesma (lembra da aula de genética do colegial? Do AA, Aa?). O "A" seria o gene predominante e o "a" o gene recessivo, que são as características secundárias.

Portanto se você tem uma planta forte, produtiva, resistente à pragas, o melhor será  a produção por estacas e não por sementes. No caso claro se ela for alógama. Mas aí pra saber mais só pesquisando pela espécie que se quer propagar em específico. Assim essa propagação chamamos de clonagem, pois a estaca é um clone fiel da planta-mãe.

 
Fonte da foto
Fonte da foto


É interessante saber de tudo isso pois quando fazemos uma muda por estaquia e ela cresce lentamente ou não produz, pode ser pelo fato de ter feito a muda por um caule plagiotrópico. Claro estamos falando aqui de alguns tipos de plantas e achei interessante citar. Mas para saber sobre a reprodução de uma planta em específico é bom dar uma pesquisada. O Google está aí pra nossa alegria minha gente!

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