quarta-feira, 9 de maio de 2018

Cipó-dourado, uma planta parasita

Há tempos vejo esta planta habitando outras plantas. Na época, nem sabia que era uma planta, e muito menos parasita. Vocês já devem ter visto uma cena parecida com esta por aí:

A "coisa" dourada em cima da planta verde é o cipó-dourado. Foto tirada da frente de uma casa aqui na minha cidade.




Também conhecida como fios-de-ovos, seu nome científico é Cuscuta spp. sendo a mais "popular" Cuscuta racemosa. É muito conhecida principalmente na cultura popular como medicinal, sendo utilizada para vários males, que não vamos nos ater aqui.

O cipó-dourado é uma espécie trepadeira que cresce sobre a vegetação, parasitando a planta hospedeira. Nas minhas pesquisas, encontrei que ela prefere alguns tipos de plantas para parasitar e realmente bateu com o que vejo. Aqui em Uberaba, Minas Gerais, encontrei principalmente em hibiscos, murtas, pingos-de-ouro e oitis.

Cipó infestando uma árvore-chorão localizada numa praça aqui em Uberaba.

Não possui folhas, nem sistema radicular verdadeiro. Seus caules são em forma de fios ou cordões alaranjados, com múltiplas ramificações, observando-se emaranhados nas copas das plantas. As inflorescências são formadas por minúsculas flores, de coloração amarela ou branca, com floração ocorrendo de setembro a fevereiro.
 
As pequenas flores surgindo
 
O interessante é que a planta floresce e emite sementes quando sente que seu hospedeiro está morrendo. Essas sementes são viáveis no solo por até 15 anos! Elas são transportadas por pássaros e até pessoas, e também a planta pode se multiplicar por pedaços dos filamentos que os pássaros levam para fazer seus ninhos. As sementes quando caem no solo emitem uma raíz que pode sobreviver até 10 dias. Depois que a planta se fixa no seu hospedeiro, a raiz morre e ela passa a viver totalmente dos nutrientes do mesmo.
 
Possui órgãos de sucção com os quais ataca o hospedeiro, podendo crescer até 7,0 cm/dia em condições favoráveis. Ela envolve toda a planta hospedeira, perfurando-a para obter os nutrientes necessários, não tendo, assim, gasto energético para a realização da fotossíntese. Nos ramos da planta parasitada, suas ramificações se fixam, elicoidalmente, emitindo um a vários haustórios a partir da interface de contato para dentro do órgão parasitado. Como ela obtém os nutrientes da planta hospedeira, assume-se que ela não é capaz de fotossintetizar. Porém, dados indicam que ela é capaz de fixar CO2 e provavelmente usa sua capacidade fotossintética depois da morte da planta hospedeira.
 
 
Além do problema do parasitismo, ela também é transmissora de vários vírus prejudicais às plantas, causando sérios danos até em grandes plantações tanto de ornamentais como de frutíferas e ervas.
 
 
Cipó-dourado contaminando o pingo-de-ouro da mesma praça onde estava a árvore-chorão
 
Não há outro jeito de eliminar o parasita a não ser a poda total da planta parasitada e a queima da poda. Pode-se utilizar um herbicida mas com a consciência que ele irá matar o parasita e a planta parasitada juntos. A queima é importante pois evita que o ar espalhe pequenas partes dos haustórios (caule) e também de suas sementes.

Detalhe de como ela se entrelaça no hospedeiro

O interessante é que vejo há vários anos, como disse, esse parasita nessas mesmas plantas. As pessoas apenas podam superficialmente achando que estão retirando o problema, mas só estão adiando. É muito importante a conscientização do malefício de se não agir corretamente, pois na minha casa pode não tem o cipó, mas se na sua tiver ele pode vir pra minha e pra os vizinhos e não cortando o mal pela raiz, o problema nunca acabará. Também é preciso conhecimento da parte da gestão municipal que cuida da arborização pública, pois muitas dessas infestações acontecem nas praças e domínios populares.

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