terça-feira, 23 de julho de 2019

Echeveria elegans, albicans ou Graptoveria fantome?

Existe uma confusão comum entre essas plantas, e pesquisando um pouco consegui reunir aqui as características e informações necessárias para acabar de vez com essa dúvida e qual o nome correto.

Com certeza é uma planta que você tem no seu jardim, pois além de comum é muito resistente e prolífica! Se não tem, recomendo já obter uma muda, daqui um ano terá um jardim cheio delas!

Um dos meus vasos cheio delas!


Mais um post sobre ids, e pretendo fazer vários, pois as pessoas tem muitas dúvidas! De novo repito que pode parecer coisa boba ficar querendo saber ids, mas é bom pra gente poder pesquisar sobre a planta e qual o melhor modo de cultivo. Eu gosto também de ver imagens variadas sobre a planta que procuro, pra ver como ficam adultas e em vários tipos de climas.

Primeiro, acho importante começarmos aqui a entender o que significam alguns termos botânicos para quando formos pesquisar uma planta, entendermos melhor o que estamos lendo.

Você já deve ter ouvido muito por aí sobre híbridas, cultivares, variedades. Exemplo: Echeveria secunda var. glauca. O "var." é abreviação de variedade. Vamos entender rapidinho o que é isso? Te garanto que daqui pra frente não terá mais dúvidas quando ver um nome assim!

Eu já fiz um post sobre plantas híbridas, dando como exemplo os coléus, que você pode ler clicando aqui. Outro assunto correlato foi um post sobre como identificar suculentas pelas flores, que você pode ler clicando aqui.


Echeveria hanazukiyo. Híbrida de E. elegans?

Variedade:
"Os indivíduos de uma espécie de planta possuem variação natural, ou seja, eles não são idênticos. Com isso, há a necessidade de criar denominações que caracterizem as diferenças entre esses grupos de indivíduos. O termo variedade é utilizado quando alguns indivíduos da mesma espécie diferem dos demais no que se refere à alguns caracteres botânicos como, a título de exemplo, a cor da flor. Variedades geralmente são variações naturais que ocorrem nas espécies em seus ecossistemas de ocorrência."

Então, resumindo: o termo variedade se refere à plantas que na natureza adquirem algumas características diferentes das demais, como cor da flor ou formato da folha, mas continua sendo a mesma planta.

Na foto acima da Echeveria hanazukiyo, de acordo com o site Crassulaceae (que falei muito no post anterior sobre E. secunda, recomendo a leitura), é um híbrido de E. pulidonis x E. elegans, apesar de ser bem parecida com a E. elegans (já já vamos falar dela que é um dos focos deste post). Para um olho treinado dá pra perceber bem a diferença.


E. elegans rose, nome oficial desta linda, conseguem ver a diferença com a Hanazukiyo? Lado a lado dá pra ver bem, acho que por foto realmente é meio difícil. A hanazukiyo tem as folhas mais curtas e gordas, com as bordas levemente avermelhadas. Já na Elegans, nessa foto, vê-se bem que é totalmente azul claro.

Cultivar:

"Por outro lado, o termo cultivar, que deriva do termo “variedade cultivada” (“cultivated variety" em inglês”) e significa que a planta distingue-se das demais por meio de caracteres agronômicos. Como o próprio nome indica, nesse caso a planta foi cultivada pelo homem para apresentar algum caracter que é atrativo do ponto de vista da produção agrícola como, por exemplo, a resistência à baixas temperaturas."

Resumindo: Seria uma variedade da mesma planta só que cultivada pelo homem. A planta continua sendo a mesma, não é um híbrido (já já falaremos dela), só que com características selecionadas pelo homem, como por exemplo: em um cultivo de 100 plantas, uma se saiu mais resistente à pragas do que as outras. Então ele pega essa uma e multiplica. Não muda de espécie nem gênero, somente uma característica da mesma foi cultivada em larga escala e daí sai vendida como "Fulano de tal cultivar".

Híbridos

Resumindo curto e grosso: híbridos são obtidos pelo cruzamento forçado entre duas plantas de linhagens puras diferentes. Variedades são obtidas pelo cruzamento natural entre plantas da mesma linhagem.

Você pega uma Echeveria fulana e faz a polinização cruzada com a Echeveria sicrana, resultando na Echeveria beltrana. A Echeveria beltrana passa a ser um híbrido de duas outras diferentes. No caso das variedades e cultivares, elas só têm características diferentes da espécie pura, mas não são cruzamento de duas plantas diferentes, são cruzamentos de duas plantas puras que resultaram puras porém com caracteres diferentes. Complicou? rs

Olha a estrela do nosso post aí! Erroneamente chamada de Echeveria albicans, na verdade é uma Graptoveria fantome!

"Híbrido é o resultado do cruzamento entre dois genitores (pais) de linhagens puras diferentes, possuindo características homogêneas entre si, mas diferentes dos pais. Sementes colhidas de plantações de híbridos geralmente não possuem as mesmas características desejáveis dos pais, não sendo recomendável o seu plantio em produções comerciais. Por este motivo, quando plantamos sementes híbridas, precisamos comprar sempre sementes novas."
No caso acima, o texto se referia à plantação de milho. No caso das suculentas em geral, as sementes de híbridos nunca vão resultar na mesma planta. Aquele híbrido que você criou só será igual por clonagem, ou seja, fazer mudas por estaquia de folhas e caule. Sempre a semeadura dela sairá com plantas com características dos pais resultando em híbridos diferentes e resultando até em sair alguma planta pura de pai e mãe. Lembram da aula de biologia, do cruzamento da ervilha? Das leis de Mendel?

Fonte

É 25% de chance de sair um caracter dominante do pai, 25% de um caracter dominante da mãe e 50% de misturar características dos dois.

Dito tudo isso, vamos ao que interessa: A Echeveria elegans e a Echeveria albicans são nomes da mesma planta. O nome oficial hoje em dia é só Echeveria elegans rose. Para ver no original no Crassulaceae, clique aqui.

Sinônimos:

Echeveria perelegans Berger (1930)
Echeveria potosina Walther (1935)
Echeveria elegans var. kesselringiana Poellnitz (1936)
Echeveria albicans Walther (1958)
Echeveria elegans var. hernandonis Walther (1972)
Echeveria elegans var. tuxpanensis Walther (1972)



"E. elegans é uma espécie popular e variável, que leva à publicação de vários nomes falsos que diferem principalmente em caracteres secundários como a forma e o tamanho da folha, (...) e são colocados aqui em sinonímia.
Infelizmente, esses nomes agora obsoletos ainda são valorizados em coleções particulares e públicas, produzindo muitas confusões, porque geralmente são aplicadas às plantas erradas.
O que está em circulação como E. potosina é uma planta de compensação livre - mas a descrição de E. potosina afirma claramente que esta é uma planta com poucas ou nenhuma compensação.
O mesmo se aplica a E. albicans, as plantas distribuídas com este nome não correspondem à descrição original. E. potosina e E. albicans são tão próximas de E. elegans que não representam espécies distintas, mas apenas variações de espécies variáveis.
Quanto à E. hyalina - esta parece estar mais próxima do E. simulans do que do E. elegans. E. elegans var. kesselringiana não é sinônimo de E. albicans como Walther afirmou e todos os autores subseqüentes adotaram, é de fato a única planta deste complexo realmente distintamente diferente do tipo e merecendo pelo menos uma posição varietal."

Parece meio complexo de entender, mas resumindo: O que existia como E. albicans seria uma variedade de E. elegans, assim como a E. potosina. Não diferem muito em forma e todas as características de E. elegans, sendo assim, sem necessidade de criar uma espécie separada da E. elegans. Tanto é que no site Crassulaceae não se tem E. albicans em nenhum dos tópicos dentro de Echeveria.


Foto classificada com E. potosina em uma página do Flickr. Realmente pra mim ela seria uma variedade da E. elegans. Lembrando que E. potosina no Crassulaceae se refere à E. elegans realmente.
Fonte
                                    
E. elegans em seu habitat natural
Fonte
E. elegans cultivada na França
Fonte

E porquê a E. albicans é Graptoveria fantome?

Primeiramente temos que saber a diferença básica de uma Echeveria e uma Graptoveria. Aliás, já começamos errado. Temos que chamar de xGraptoveria. O "x", quando vocês verem em algum nome de suculenta, significa cruzamento. Ou seja, ela é um híbrido. E um híbrido de Echeveria com Graptopetalum.

A diferença decisiva são as flores.


Flor de Graptoveria

Flor de Echeveria
                   
"A forma de uma flor de Echeveria: Um tubo com pontas de pétala um pouco recurvadas, os filamentos mais ou menos fechados = bastante mais curtos que as pétalas.
A flor do Graptopetalum: Sem tubo visível, mas com pétalas que se espalham amplamente = estrela e filamentos também se espalhando e - olhe para o fundo da flor no meio - filamentos recurvados entre as pétalas.
O híbrido dos dois é geralmente intermediário, na medida em que as pétalas são mais difusas do que em Echeveria, mas definitivamente menos disseminadas do que em Graptopetalum e porque as pétalas estão um pouco espalhadas, os filamentos têm a chance de se curvar entre as pétalas."

Flor do Graptopetalum
Fonte

A xGraptoveria fantome é o cruzamento de Graptopetalum paraguayense x Echeveria elegans. Daí tá explicado a confusão com a E. elegans.


Graptopetalum paraguayense da minha coleção. Estão bem rosa porquê estão em sol pleno. Chamada popularmente de "planta fantasma". Será porquê dependendo do cultivo ela é uma planta cinza?
Então taí o fim do mistério. Deixo com vocês mais fotos das minhas Fantome.


Ganhei essa de uma amiga, ela comprou num Garden. Achamos que pode ser um híbrido ou variedade. Em gardens grandes é muito fácil saírem variedades e híbridos de uma mesma planta.

Uma composição singela que tenho aqui. Adoro essa gordinha.

Tenho vários vasos e mudinhas pequenas em bandejas. Veja como é parideira essa menina! Estou juntando bastante mudas pra fazer tipo uma cascata delas no canteiro.




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5 comentários:

  1. Esclarecedor!

    Abraço!
    https://iloveflores.com/

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  2. Fiquei mais confusa. Kkkkk achei que tinha uma albicans e uma fantome. Agora não sei quem são. Vou ler novamente.

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    1. Olá, então, elas são a mesma planta, na verdade a planta é uma, é que tinha dois nomes, mas o verdadeiro nome é Graptoveria Fantome! Muitas suculentas acontece isso de mudar o nome, depois de estudos mais aprofundados sobre a espécie!
      Abraços

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  3. Entendi. Híbrido é a fantome. Os outros nomes foram dados a espécie. E como eu sei se a minha é o Híbrido e não a espécie? Ah, vendo a flor. Ok, obrigada.

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